O tédio é a sensação física do caos, e de que o caos é tudo. O aborrecido, o mal-estante, o cansado sentem-se presos numa cela estreita. O desgostoso da estreiteza da vida sente-se algemado numa cela grande. Mas o que tem tédio sente-se preso em liberdade fruste numa cela infinita. Sobre o que se aborrece, ou tem mal-estar, ou fadiga, podem desabar os muros da cela, e podem soterrá-lo. Ao que se desgosta da pequenez do mundo, podem cair as algemas, e ele fugir, ou doer de as não poder tirar, e ele, com sentir a dor, reviver-se sem desogosto. Mas os muros da cela infinita não nos podem soterrar, por que não existem ; nem nos podem sequer fazer viver pela dor as algemas que ninguém nos pôs.

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